Sabia que Arnaldo Brazão, antigo aluno e docente do ISCSP, foi um pioneiro do movimento feminista em Portugal?
Nascido em Elvas, em 1890, era sobrinho de Adelaide Cabete, destacada ativista dos direitos da mulher no início do século XX. Por influência da sua tia, com quem vivia desde criança, tornou-se também ele um conhecido promotor e defensor de causas feministas.
Colaborou em diversos periódicos feministas, como a “Mulher e a Criança (1909-1911)” e a “Alma Feminina”, e foi Secretário-Geral do Primeiro Congresso Feminista e de Educação de que deixou um valioso relatório, publicado em livro, que constitui uma fonte incontornável para a história das lutas feministas em Portugal.
Colaborador próximo do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, fez do combate à prostituição uma das suas principais áreas de atuação. Em 1924, fundou a Liga Portuguesa Abolicionista (LPA) que dirigiu até os finais dos anos 50, tendo organizado dois importantes congressos nacionais (1926 e 1929) e participado em diversos congressos internacionais abolicionistas.
Republicano e maçon, foi candidato não eleito às eleições de 1925 pelo Partido Republicano Nacionalista pelo círculo de Elvas.
Do seu percurso académico e profissional, consta uma primeira passagem efémera pela Escola Colonial, nome que então designava o ISCSP. Oficial do exército, haveria de licenciar-se primeiro em Direito, em 1920, passando a exercer a advocacia, antes do interesse por questões africanas e coloniais o levar, em 1924, a regressar à Escola Superior Colonial (ESC). Concluiu o Curso Geral Colonial com elevadas classificações, em 1927. Em 1929, partiu para Angola, acompanhando a sua tia, Adelaide Cabete. Ficariam em Luanda até 1935, desenvolvendo a par da atividade profissional também uma ação social e filantrópica.
No início dos anos 40, ingressou mais uma vez na Escola Superior Colonial, desta vez para integrar o seu corpo docente, como professor interino, lecionando no âmbito do 2.º grupo de cadeiras. Em 30 de setembro de 1946, viu-se obrigado a cessar as suas funções no ISCSP em virtude da reforma promovida por Marcelo Caetano.
Faleceu em Lisboa, em 1968, aos 78 anos de idade.