Esta MARPE Diplo Talk contou com intervenientes como Nicolas Baygert (Professor na Science Po, Paris, na IHECS - Institut des Hautes Études des Communications Sociales e presidente da Protagoras, Bélgica), Alastair McCapra (CEO da CIRP - Chartered Institute of Public Relations, UK) e Pierluigi Puglia (Chefe de Comunicação da Embaixada Britânica em Roma) e teve como moderador Richard Linning (Presidente IPRA 2011, Diplomacia Pública e Projecto de Extensão, Delegação da UE no Vietname).
A MARPE Diplo Talk iniciou-se com as boas vindas do reitor da Artevelde University of Applied Sciences, seguido da apresentação do projecto, bem como do tema pela representante da universidade na equipe MARPE Diplo, a professora Anne-Marie Cotton.
O primeiro interveniente, Nicholas Baygert, destacou práticas de nation branding, em particular a utilização do framing na comunicação digital e nos media com o intuito de “ganhar o coração e a mente” de audiências internacionais. Neste ponto, o professor e presidente da PROTAGORAS sublinhou a convergência teórica dos campos das Relações Públicas e da Diplomacia Pública dada a predominância do uso de processos comunicativos e relacionais na construção de perceções positivas, “na batalha das interpretações”. Neste sentido, Nicholas Baygert referiu que durante a campanha referendária sobre o Brexit, as instituições da União Europeia optaram pelo silêncio, evitando a ingerência que nunca seria neutral. Contudo, após o referendo, a opção tem sido por campanhas agressivas, com declarações de eurocratas a órgãos de comunicação social influentes a pronunciarem-se desfavoravelmente sobre o processo. Da parte do Reino Unido, os media (considerados os de menor confiança na EU, de acordo com o Eurobarómetro) têm apresentado a União Europeia como cruel e punitiva. Assiste-se de parte a parte a uma comunicação política hostil, com a construção do chamado deceptive framing. O soft power é praticamente inexistente dada a predominância de uma “histeria Brexit”. Na opinião de Nicholas Baygert, a UE recorre mais a diplomacia pública nas negociações do Brexit que o Reino Unido.
O segundo interveniente, atual responsável do Chartered Institute of Public Relations (CIPR), Alastair McCapra foi mais incisivo na definição da atuação do Reino Unido caracterizada como própria de uma “crise existencial” que põe em causa a diplomacia pública e o soft power. Para o orador, existem demasiados problemas estruturais nas instituições políticas supranacionais que requerem a alteração dos elite games crescentemente rejeitados pelas pessoas como evidenciam os movimentos ativistas de rejeição (rejectionist movements). O contrato social está definitivamente em causa e o hard power cresce em termos de importância face ao soft power.
Os três intervenientes concordam com a necessidade de uma comunicação mais autêntica num contexto em que o Brexit não é o problema, mas sim um sintoma da perda de democraticidade das organizações supranacionais. Pierluigi Puglia, responsável de comunicação da Embaixada Britânica em Roma, ilustrou a sua intervenção com estudos realizados junto dos italianos sobre a perceção em relação à UE. Esta é negativa e existe a expressão de vontade de existir maior autonomia dos Estados membros, perdendo-se a “reverência” a instituições mais racionais, altamente reguladas e reguladoras, que apenas alienam os cidadãos que não se identificam como europeus, como parte de uma UE.
A MARPE Diplo Talk terminou com algumas questões colocadas pela plateia gerando um debate animado e rico de reflexões onde se contou, também, com a presença das professoras Sónia Sebastião e Susana de Carvalho Spínola em representação do ISCSP-ULisboa e o Cônsul Honorário de Portugal em Ghent (Bruno Joos de ter Beerst) que fez questão em estar presente respondendo desta forma ao convite da presidência do ISCSP.
A próxima MARPE Diplo Talk realiza-se em Valencia, Espanha, no dia 23 de maio 2019 sob o título: “Corp(h)ate Diplomacy. Exploring theory and practice in Corporate Diplomacy”.