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Influenciadores: o papel das lideranças no sucesso das boas-práticas da Estratégia Digital

17 maio 2021

No dia Mundial da Internet, falámos com o Coordenador da pós-graduação em Comunicação Estratégica Difigital do ISCSP-ULisboa, David Monteiro, para saber o papel das lideranças no sucesso das boas-práticas da Estratégia Digital e como-ULisboa o ISCSP dá resposta neste campo de competências digitais e das ciências sociais.

Considera que com a afirmação do digital, esta assumiu, ao longo dos últimos tempos, um papel importante no desenvolvimento de negócio das organizações?

Foi preciso recebermos em Portugal um dos eventos mundiais de maior notoriedade na área do empreendedorismo e do digital, o Web Summit, para despertarmos para o que já se fazia por cá – maioritariamente bem – nestas matérias.

Todavia, a economia digital tem sido, nos últimos anos, um elemento de ansiedade na reconfiguração de modelos de negócio, de empresas, estruturas, recursos, de grande foco para os departamentos de Gestão, Marketing e Comunicação que procuram encontrar fórmulas e receitas de sucesso instantâneos aproveitando as promessas do paraíso online. Outras há que assumem a digitalização ou os processos de transformação digital enquanto bandeiras de modernidade e de condução dos circuitos de inovação e (re)afirmação no mercado. Mas a realidade não é a que 5% das grandes empresas nos dizem.

Se houve erro que cometemos foi essencialmente acreditar que a almejada “transformação digital” simplesmente acontecesse ao ritmo que qualquer indivíduo, com maior ou menor literacia, acumulava perfis em redes sociais; ou ainda criava nano, micro e macro negócios impulsionados pela liberdade criativa oferecida pela blogosfera, simplificados em toda a sua dimensão burocrática e encobertos até por uma abordagem eminentemente lúdica.  

O crash dos negócios no arranque da Internet na sua versão 1.0 teve por base o excesso de confiança nas promessas dos gurus e dos especialistas encomendados por grandes empresas para apregoar a mudança de paradigma: o “qualquer coisa 2.0 ou digital, online, vende”! Vende, mas não é sozinho.

O que é então necessário fazer para alcançar o sucesso?

É determinante compreender que o investimento em “estratégia digital” deve fazer parte da equação nuclear do plano de negócios de uma qualquer organização. E é, na sua maioria, um investimento de grande dimensão. Não pode ser encarado como uma atividade acessória, experimental ou meramente complementar. A presença digital deve ser igualmente planeada, estruturada e, acima de tudo, realista. E não estranhe se no final, a conclusão possa muito bem ser: não estou preparado para isto!

Desde logo – ao contrário do que inúmeros gurus e eventos de digital apregoam – o sucesso digital não reside no domínio de termos técnicos; de aparições mediáticas; de coaching inspiracional sobre modernidade e no advento do self made man; muito menos reside na coleção de estrangeirismos ou “soudbites” que os “especialistas” teimam em dizer aos seus diretores para os deixarem convencidos de que não sabem absolutamente nada sobre o assunto.

E, para qualquer organização, qual deve ser a base dessa “estratégia digital?

O sucesso [da digitalização] reside, como na maioria das atividades quotidianas e empresariais – nas pessoas. E isso significa que, nunca como hoje, o papel das redes e das interações foi tão crucial. Mas acima de tudo das interações físicas, reais e internas, começando, desde logo, pelos líderes que não podem ser subtraídos ao processo de decisão sobre a “estratégia digital” e na promoção de ações de people engagement.

Quais são as resistências que ainda encontramos a esta transformação digital e como mudar isso?

Pese embora a próxima geração deixe de fazer questões que agora ainda nos inquietam, por força dos nossos padrões culturais e sociais, hoje lidamos ainda com os intensos mecanismos de aculturação das organizações para a migração digital. E é aqui, na mudança, que a resistência ainda reside. O choque geracional que muitas empresas já vive diz-nos que a estagnação dos nossos quadros não pode continuar. E as lideranças são fundamentais nesse processo: aproximar gerações e até – nalguns casos – inverter o processo de aprendizagem facultando aos mais novos, nativos digitais, o comando da relação inspiracional para os quadros mais antigos, desatualizados e/ou desmotivados por sentirem que não fazem parte do “futuro”. Têm, muitos destes líderes, que se assumir enquanto “líderes imperfeitos”, na medida em que devem ser permeáveis e ávidos por querer e desejar informação, mas ganharem a consciência de que muitas vezes, para inovar, é preciso delegar a quem realmente sabe. Deixar de assumir a idade como um posto, mas também não a assumir como um preconceito perante os mais novos. E depois enriquecer-se a si mesmo de informação para que possa estar em contacto com as linguagens e as relações operacionais gigantes que o mundo digital implica.

No seu papel espera-se abertura para envolver os colaboradores e criar uma cultura de partilha e de participação, demonstrando que as competências digitais não são feudo privativo de um qualquer departamento de “especialistas” de Marketing e Comunicação. A comunicação é o processo mais democrático na gestão de um negócio e na relação entre as pessoas. É isso que uma boa “estratégia digital” deve promover.

Mas, assumindo este gap geracional, a urgência passa por resolver o problema da literacia dos quadros e a integração de novas gerações com o seu capital digital. E aqui ganham uma relevância crucial as parcerias. A aproximação das empresas às universidades nunca foi tão determinante nesta matéria. Por um lado, porque as empresas precisam de garantir a atualização/formação de competências qualificadas e, por outro lado, porque a Universidade precisa igualmente de se atualizar e abrir a especialistas que possam trazer à academia ar fresco e know-how que por via do sistema burocrático e endogâmico que pauta a gestão das instituições de ensino, nomeadamente na contratação de professores, precisa respirar e também ela atualizar-se para saber ensinar e formar. E isto é urgente, porque falar de digital não é futuro, é agora.

É nesta dinâmica que percebemos o que ainda há para fazer. Percebe-se a importância da aparência vanguardista que incutimos em Portugal, mas o digital é mais que uma tendência: é uma urgência. Pois este mundo (que muitos ainda chamam de “novo) tem uma característica que há alguns anos não percebíamos: o ritmo com que a tecnologia e a web evoluem deixa-nos desatualizados no momento em que decidimos aprofundar o seu conhecimento e funcionamento.

De que foram a pós-graduação em Comunicação Estratégica Digital do ISCSP-ULisboa pode fazer a diferença para quem procura adquirir competências neste meio?

Podemos procurar inventar o futuro, escudarmo-nos na pandemia para acelerar decisões ou recusá-las e colocar o mundo digital em “modo automático”. Mas o sucesso global das organizações estará eternamente adiado se não capacitarmos e valorizarmos o capital humano, numa realidade em que o digital é uma extensão do Homem e não o inverso. E é nesse trajeto que o próprio Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas apresenta um dos mais bem-sucedidos produtos formativos com caráter aplicado e profissionalizante: a Pós-Graduação em Comunicação Estratégica Digital que vai já para a 8.ª edição. A procura é transversal e revela-nos o quão importante é a formação de soft-skills no processo de compreensão desta realidade. E diz-nos essencialmente que o digital, como a comunicação são como o sol: existe e é para todos. Pois o fator de sucesso da estratégia digital é essencialmente humano, até que um dia esta premissa deixe de fazer sentido. Esperemos que seja tarde.

⇒ Conheça a pós-graduação em Comunicação Estratégica Digital aqui.

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