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O futuro do SNS esteve em discussão no ISCSP por quatro antigos ministros da Sáude

27 maio 2021

Dedicado ao tema “O Futuro do Sistema Nacional de Saúde – O que é obrigatório e necessário fazer”, decorreu, no dia 11 de maio de 2021, no ISCSP-ULisboa, a primeira conferência do ciclo “Fins de tarde na cidade. ‘Novas perspetivas para o futuro da saúde em Portugal’”. Os antigos ministros da Saúde Maria de Belém Roseira, Luís Filipe Pereira, Paulo Moita de Macedo e Adalberto Campos Fernandes foram os oradores convidados.

O mundo enfrenta há mais de um ano uma situação pandémica, o que leva Paulo Moita de Macedo a crer que no setor da saúde “cada vez mais acreditamos na imprevisibilidade e na incerteza”. Apesar disso, o antigo ministro da saúde considera que “as mudanças estruturais na saúde continuam, não foram drasticamente alteradas pela pandemia”. Acredita que “a Covid-19 traz-nos outras alterações, junta de facto novas perspetivas”. “As anteriores têm de ter uma nova leitura”, mas acredita que através da educação, do conhecimento científico e da melhoria de competências “será possível construir o progresso que precisamos na nossa medicina e cuidados de saúde”.

Já Maria de Belém referiu que nos próximos tempos haverá um “afluxo de fundos que não podemos desperdiçar e sobretudo que podemos encontrar oportunidades para a saúde”. Acrescenta ainda que “a pandemia veio mostrar em termos de prioridades” a necessidade de políticas que estejam dirigidas “à resolução dos nossos problemas, uma política que seja levada a cabo com os vários setores da sociedade”. Para a antiga ministra da saúde, cuidados com o ambiente, habitação, pobreza, exclusão e uma educação de qualidade poderão são um forte contributo para a prevenção de mais doenças e pandemias. “Que a pandemia constitua o live motive para começar a trabalhar como deve ser trabalhado”, afirmou.

Na conferência “O Futuro do Sistema Nacional de Saúde – O que é obrigatório e necessário fazer”, Luís Filipe Pereira referiu que apesar da pandemia atualmente vivida “não forem introduzidas mudanças estruturais” e alerta que “a resposta às necessidades da população vai continuar a degradar-se”. Defendeu ainda que é o Estado quem “deve continuar a garantir este bem público à população, mas não tem que ser o único prestador”, fazendo referência ao Modelo de Bismark que defende a coexistência de iniciativa privada, pública e social na prestação de cuidados de saúde.

“O SNS é um dos mais eficientes da Europa”, começou por dizer Adalberto Campos Fernandes na sua intervenção e acrescentou é “a chamada eficiência da restrição, porque temos tão pouco dinheiro para fazer tanto, que as medidas de eficiência vêm ao de cima”.

Fazendo referência à dificuldade em competir com o setor privado no que toca à remuneração aos profissionais, Adalberto Campos Fernandes assume que “nem daqui a 10 anos o setor público vai poder pagar o que paga o setor privado”, por isso, o que pode oferecer é “carreira, prestígio, formação e remuneração um pouco mais digna face às limitações orçamentais que temos tido”. Defende também que para que o SNS possa continuar a dar a resposta ao nível de outros países europeus era necessário “dar-lhe pelo menos 95 por cento daquilo que em média os países da OCDE têm”.

Esta foi a primeira sessão de um total de cinco conferências. O painel foi conduzido e moderados pelos elementos da comissão organizadora, Rui Miranda Julião, professor e coordenador da Escola de Administreação e Gestão de Saúde do ISCSP-ULisboa e Carlos Marques, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gestão de Saúde.

Trata-e de uma iniciativa do ISCSP-ULisboa e da sua Escola de Administração e Gestão de Saúde, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Gestão de Saúde, que procuram assim contribuir de forma crítica para a reflexão sobre o Sistema Nacional de Saúde nas suas diferentes vertentes.

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