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A Paz interessa a todos

18 setembro 2018

A Universidade de Lisboa foi distinguida pela UNESCO com a atribuição de uma Cátedra UNESCO em Educação para a Paz Global Sustentável (Education for Global Peace Sustainability, com a sigla E=GPS). Esta Cátedra tem por objetivo apoiar a implementação da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, e contribuir para os objetivos da UNESCO na área da educação formal e informal no domínio da paz, dos direitos humanos e da felicidade para o bem-comum, em particular contribuindo para o Objetivo 16, “Paz, Justiça e Instituições Eficazes”.

Este selo de qualidade expressa o reconhecimento do trabalho desenvolvido pela Universidade de Lisboa na área das ciências sociais e políticas, e é uma prova de confiança no trabalho que nos propomos desenvolver. A ele se junta o apoio ao projeto dado desde o primeiro momento pelo senhor Secretário Geral das Nações Unidas, Eng. António Guterres, e pelo senhor Presidente da República Portuguesa.

A paz interessa a todos. É um direito substantivo e um valor universal, cuja negligência destruiria a humanidade. Não sendo nunca apolítica, a paz pode ser radical e positivamente transformadora, como muitos líderes mundiais, verdadeiros vaga-lumes morais, já nos demostraram. A paz é no entanto um problema social complexo, cuja arquitetura e estratégias de desenlace não são consensuais.

Na memória de mulheres e homens, a ausência de paz, em todas as suas múltiplas e bem concretas formas de violência – de um insulto nas redes socais à violência doméstica; das injustiças e desigualdades no mundo empresarial, aos desequilíbrios e explorações gritantes na distribuição e uso de recursos; do bullying nas escolas às guerras entre nações por razões identitárias, ambientais ou religiosas; da ganância da riqueza a todo o custo e egóticas ignominias de lideres globais à exploração dos mais vulneráveis – a ausência da paz, dizíamos, fica como uma ferida aberta, que transcende gerações e marca a nossa história comum.

Num momento da história em que as nossas bússolas morais parecem ter sido quebradas, e intolerância, opressão, exclusão, felicidade egoísta, perda de liberdades, obscuridade informacional, desvinculação social, e outros tipos de males banalizados demonizam a nossa ideia de instituições democráticas, depredam os nossos recursos comuns e desafiam as nossas possibilidades de esperança num futuro comum virtuoso, queremos com esta Cátedra encarar a construção e reconstrução de uma paz positiva global e sustentável, que enfrente as novas e antigas ameaças através da co-educação e da ciência colaborativa, para isso reunindo e gerindo uma rede múltiplos parceiros nacionais e internacionais.

A equipa proponente do projeto inclui docentes e investigadores do Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas - Fernando Serra, Hermano Carmo, Helena Águeda Marujo (coordenadora do projeto) e Luis Miguel Neto - e a investigadora e autora Matilde Sousa Franco. Desde a proposta, muitos foram já os que se juntaram; de momento, integram e estão em processo de integrar o projeto mais de 100 organizações do primeiro, segundo e terceiro sectores, em mais de vinte países (da Europa, Africa, América do Sul, América do Norte, Austrália e Ásia).

Alguns destes países onde há organizações envolvidas são nações em guerra, outros estão em processo de pós-conflito, outros ainda são líderes de rankings internacionais de paz, introduzindo assim uma grande diversidade entre os parceiros. De sublinhar que, de acordo com o Global Peace Index 2018, Portugal é o 4.º país mais pacifico do mundo.


Porquê a paz?
A paz é atualmente abordada com base em modelos mais construtivos, mais amplos e mais holísticos do que foi no período da Guerra Fria, ligando-se agora, não apenas à ausência de guerra e aos contextos onde o conflito emerge, mas também a uma agenda positiva, pró-ativa, preventiva e global.

Ao nível mais micro e meso, ou seja intrapessoal, relacional e organizacional, concretiza-se hoje através de práticas de proximidade e de cuidado, tendo em conta o potencial transformador da nossa melhor humanidade: cooperação, diálogo, participação, reconciliação, fraternidade, reciprocidade, respeito, compaixão, esperança, empatia, inclusão, humildade, virtuosidade, comunicação harmoniosa e não-violenta... Aqui se faz uma ponte entre as áreas científicas dos estudos da paz e dos estudos da felicidade, em especial da felicidade pública.

Ao nível mais macro pensar e agir a paz é pensar em termos de políticas sociais, e reconhecer que a paz está ligada, de forma intersticial, a justiça social, igualdade, eliminação da pobreza, defesa da biodiversidade, uso dos recursos, respeito pela dignidade humana e inclusão de tudo e tod@s os que são dissemelhantes. Trabalhar a paz significa estar centrado nas pessoas e no meio ambiente, usando táticas de bottom-up junto com as diplomáticas; é defender a apropriação local e intervir escutando todas as vozes.

Para atingir estes objetivos, e no âmbito do inicio do projeto, foram já realizadas ações com diversos parceiros nacionais e internacionais, nomeadamente um workshop formativo em Pedagogia da Cooperação; um Simpósio Luso-brasileiro sobre “Quotidianos Positivos e o Imperativo da Paz”; a apresentação de 10 sessões de formação e conferências sobre o tema, onde se inclui a divulgação internacional do projeto num congresso africano e outra num congresso europeu e sessões com alunos e professores em escolas nacionais; foi realizada uma caminhada pela biodiversidade; cursos na área da Meditação/Mindfulness e da comunicação não-violenta; intervenções organizacionais sistémicas como uma Semana de promoção da Gratidão; formação para gerar Agentes Ativos da Felicidade e da Paz. Todas estas ações foram gratuitas e abertas à comunidade, utilizando maioritariamente metodologias participativas e ativas, e de investigação ação. A par, estão a ser realizados estudos sobre compaixão organizacional e sobre bem-estar coletivo. Foram já publicados (ou estão em publicação), cinco capítulos em obras internacionais, e estão em organização dois livros, um em língua Portuguesa e outro em língua Inglesa. A Cátedra está a apoiar iniciativas na área da sustentabilidade ambiental e da erradicação da pobreza, bem como projetos específicos na área da educação para a paz e direitos humanos, em Portugal e no estrangeiro.

De momento, temos abertas até dia 1 de outubro as candidaturas para uma inovadora Pós-graduação em Educação para a Paz Global Sustentável.

O lançamento oficial da Cátedra acontecerá no Dia Internacional da Paz, 21 de setembro de 2018 às 16 horas (inscreva-se aqui). Conta num primeiro momento com a presença de Helena Marujo, Augusto Santos Silva, José Filipe Mendes Moraes Cabral, Manuel Meirinho e António Cruz Serra e decorre no Auditório Professor Óscar Soares Barata do ISCSP-ULisboa. O segundo momento é participativo e dialogante e realiza-se às 17 horas, na Sala Lisboa. Mais informações, aqui.

Porque a paz nos faz livres, e servir a humanidade deve ser uma missão universal, desafiamos o/a leitor/a a trabalhar connosco para regenerar, experienciar e celebrar o melhor da humanidade.

Conheça a 1.ª edição da Pós-Graduação em Educação para a Paz Global Sustentável, aqui.

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