Nos anos 80 ingressei no ISCSP no curso de Política Social e lá fiquei uns anos pois acabei por tirar o mestrado em Ciência Política. Iniciei e concluí a minha vida académica no famoso e inesquecível Palácio Burnay, mais conhecido pelo Instituto do Professor Doutor Adriano Moreira, não sendo possível dissociar a Junqueira do brilhante Professor.
No primeiro dia de aula quando entrei a porta do ISCSP tinha várias colegas madeirenses à minha espera que, de imediato me mostraram os cantinhos da casa, assim como as figuras carismáticas existentes como sejam o Sr. Coelho, sempre refilão, e a D. Rosa, a senhora que nos vendia os rissóis, a preços acessíveis, que muito jeito faziam ao jantar, sobretudo para quem não sabia cozinhar. Ainda me lembro daquele longínquo dia em que o átrio estava repleto de alunos a andarem de um lado para outro a tentarem situar-se e procurarem saber onde é que ficavam as salas de aulas e o Professor Doutor Óscar Soares Barata vinha a entrar com o seu ar judicioso. A vasta zona verde, em que predominava o matagal, e as lagoas, com as suas águas estagnadas, persistem na minha memória, bem como os inúmeros colegas que lá conheci de diferentes zonas do continente, dos Açores e dos países africanos.
Se na minha vida académica a licenciatura preencheu-me a nível de conhecimentos, valores, emoção, compreensão dos problemas sociais e sua influência nas pessoas, famílias, sociedade em geral e, consequentemente, da extrema necessidade de adoção e aplicação de políticas por forma a mitigar os efeitos destes dilemas que se repercutem de diferentes formas e diversas áreas, foi ao longo e conclusão do mestrado em Ciência Política que me realizei completamente. O rigor, o saber, o debate, a investigação, os temas escolhidos e desenvolvidos na sua maioria sobre a Madeira, permitiram-me expô-los e compreendê-los com o rigor científico exigido a qualquer estudo académico e que se quer aceite pela e na comunidade académica.
O que recebi daquele usado e desgastado palácio da Junqueira proporcionou-me uma nova visão sobre a vida, o quanto a diferença de pensamento conduz ao diálogo, à busca de soluções, à excelência do pensamento crítico, à rigorosa construção e aplicação de políticas. O ISCSP foi, sem margem para dúvida, uma das referências na minha caminhada profissional.
Por outro lado, na minha vida pessoal o período académico constitui um dos mais importantes pelos laços criados com os colegas com alguns docentes, por toda uma mística apenas compreendida e sentida por quem naquele espaço andou. Muitas destas ligações sedimentaram-se ao longo dos tempos e os encontros, primeiro restritos, mantiveram-se nos jantares realizados na Madeira e, posteriormente, alargaram-se a todos os ISCSPianos que quisessem participar. O primeiro jantar que contou com um número significativo de antigos colegas realizou-se em janeiro de 2018 e devido à crise pandémica foi retomado apenas no presente ano, a 18 de outubro. O objetivo é que o convívio institucional, ISCSP/Antigos Alunos, se mantenha e se consolide, abraçando um número crescente de participantes. Nestes convívios podemos falar de tudo. DO ISCSP É QUE NINGUÉM SE ESQUECE.