Em outubro de 1984, entrava pela primeira vez na porta de madeira maciça do Palácio cor-de-rosa da Rua da Junqueira. No topo da porta, a inscrição «Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas».
Aos 19 anos chegava a Lisboa para estudar Comunicação Social, com o sonho de ser jornalista. Para trás ficava a família e os amigos e na bagagem a força inabalável de querer ir mais além, ciente da responsabilidade acrescida de ser a primeira da família a entrar no ensino superior.
Durante os quatro anos no ISCSP aprendi o valor do trabalho e da persistência, a importância da solidariedade entre os colegas, o mistério da amizade que se cultiva pela vida fora.
Nos anos 80, sem computadores e sem Internet, o ISCSP foi a minha porta para o mundo: conheci colegas de outras regiões de Portugal e dos Países de Língua Oficial Portuguesa. Nessa altura, estudávamos em grupo na biblioteca, entre pilhas de livros e inúmeras sebentas da reprografia. Tempos muito diferentes dos de hoje em que os estudantes beneficiam de excelentes instalações e do privilégio da tecnologia.
De todos os professores, o mais marcante foi, de facto, Adriano Moreira, um professor que nos deixava a todos extasiados, pela forma generosa e simples como partilhava connosco o seu imenso conhecimento.
Com mais de duas décadas a trabalhar em comunicação e já depois dos 50 anos de idade, senti que precisava atualizar-me e adquirir competências na área da comunicação digital. Voltei ao ISCSP, desta vez às instalações do Campus da Ajuda e fiz a pós-graduação em Comunicação Estratégica Digital. Foi uma experiência maravilhosa em que pude interagir com estudantes mais jovens. Quando alguém me perguntava como era voltar à Universidade depois de tantos anos, respondia invariavelmente que era o melhor tratamento antienvelhecimento. Porque nunca é tarde para aprender.
Mais do que a minha escola, o ISCSP é a minha casa.